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Autismo em uma perspectiva de gênero


Para os que gostam de histórias em quadrinhos, há algum tempo atrás me deparei com um livro sensacional da escritora Julie Dachez, chamado A diferença invisível. A autora é psicóloga social, palestrante e ativista dos direitos do autismo. Aos 27 anos de idade, Dachez foi diagnosticada com Asperger, o que, para ela, se tornou a possiblidade de se entender e experenciar uma vida mais verdadeira. Durante a escrita do livro, a autora revela essas descobertas e conta um pouco do percurso de autocuidado e aceitação de si.


O livro é extremamente envolvente, uma vez que revela um universo desconhecido por muitas pessoas, as dificuldades de socialização, a relação com os sons externos, as formas de se relacionar com o outro a partir da perspectiva do autoconhecimento. Saber mais de si fez uma diferença imensa na vida da protagonista do livro, porque ela soube comunicar tudo que a deixava participar amplamente do meio de sociabilização, da maneira como ela se via pertencente. Além disso, adentrar nessa leitura, também é conhecer um pouco do outro, livros que caminham nessa direção, contribuem para que as pessoas que não apresentam o mesmo diagnóstico possam criar empatia ao reconhecer no outro características que são parte constitutivas de uma identidade.


Nessa mesma direção, Ana Beatriz Barbosa Silva, et al, (2012), em seu livro Mundo Singular: entenda o autismo, aborda a questão do cérebro autista e como o diagnóstico em mulheres costuma ser tardio, em consonância com a história narrada por Dachez. Isso acontece, segundo a pesquisadora, pelo fato de as mulheres desenvolverem socialmente a inteligência emocional, ou seja, a sociabilização, pela inteligência emocional, ocorre de alguma forma, por uma questão de desenvoltura em meios que requerem interações. Por esse motivo, o diagnóstico precoce ocorre em casos mais graves. Os casos mais leves demoram a ser diagnosticados.


Ao associar a teoria à literatura, entendemos que conhecer as nuances, as características e as necessidades das pessoas, sempre contribuem para que elas se sintam à vontade em meios sociais. Por vezes, a personagem de Dachez se coloca em situações em que não se sente totalmente confortável, pela exigência da sociabilidade. Quando uma pessoa conhece a si e recebe a mesma atenção dos pares, a tendência é de se criar um ambiente de conforto e acolhimento.


Referência Bibliográfica


DACHEZ, Julie. A diferença invisível. Ilustração: Mademoiselle Caroline. Tradução: Renata Silveira. São Paulo: Nemo, 2017.


SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: entenda o autismo. São Paulo: Fontanar, 2012.

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